sábado, 14 de agosto de 2010

Maldita esperança. :x

     
             Sentir o frio da noite mais intenso do que os outros dias, viver à espera de um alguém que nunca vai voltar, se que um dia ele veio. Nada mais triste do que terminar a vida em uma cama, sozinha, agonizando de tristeza por não ter ninguém e mesmo assim conseguir sobreviver por tanto tempo, apenas com uma mísera parte de esperança. Abandonada, aqui estou sem a quem pedir ajuda ou a quem dizer: foi bom te conhecer!
             Se pudesse voltar no tempo, faria tudo diferente. Com aquele meu primeiro e único amor casaria e teria doze filhos, e mesmo não sendo uma família perfeita – sei que não seria – tenho a certeza de que seríamos felizes, eu pelo menos não estaria como estou agora. Minhas mãos mal conseguem escrever, as linhas saem tortas e mal dar pra ler o que escrevi. Mas a infeliz esperança, que tanto participou da minha vida vem de novo, e ela fica aqui, me fazendo acreditar que não vou morrer, que são apenas dores passageiras e que um príncipe encantado vai vir me buscar em seu cavalo branco, e mesmo com meus oitenta anos subirei em sua garupa e viajarei para bem longe, longe desse mundo hipócrita lá de fora. Sim, lá de fora, porque aqui em casa, sempre deixei bem claro que era o meu mundo, só entraria quem eu quisesse e quem fizesse por merecer. Nunca quis ir embora, pois aqui sim é perfeito. Tudo do meu jeito, ninguém se mete. Mas hoje, nos meus últimos segundos penso que isso tudo foi em vão. Do que adianta viver cercada do seu mundo se as pessoas que teriam que fazer parte dele, não fazem?
             O meu primeiro e único amor, foi com meus dezoito anos, meu primeiro ano na faculdade e me lembro bem do rosto dele. Não era o galã do campus, mas eu sei que pra mim ele é o mais perfeito. Bem, estou sem forças pra contar aqui o que aconteceu com ele, só fiquei sabendo a uns dois meses atrás que ele tinha falecido a vinte anos atrás, com seus sessenta e poucos anos. Quando recebi a notícia, não a esperava, entrei em choque e desde então estou aqui, entrevada nessa cama. Umas primas vêem aqui alguns dias da semana me trazer comida e cuidar de mim, mas sempre as trato mal. Não sou nenhuma criança, e se não me cuido é porque eu não quero – mas na verdade nem eu sabia o porquê de não querer, só sabia que não queria.
             Sinto que estou morrendo, meu coração está parando, mas fico feliz, sei que vou... Tenho certeza que vou encontrar o meu amor lá em cima, e nos amaremos eternamente. Queria dizer aqui o quanto amo meus netos, bisnetos, filhos e filhas, mas não os tenho, então aqui fica apenas o meu adeus e sei que os encontrarei qualquer dia desses, lá em cima, pra onde estou indo agora. Procure-me, meu nome é Amor – não ficaria bem revelar meu nome assim, a beira da morte, se não o fiz antes, não faria agora, então se contentem em me chamar de amor, pois esse era o meu maior desejo, um dia, encontrar o tal amor, que todos sentiam, mas ninguém sabia como era e como explicar. Adeus, agora vou fechar meus olhos e sei que irei para um lugar melhor, e se não for, tanto faz, já não vai ser o meu mundo mesmo, então não tem importância!



                   De: Amor, 01/12/2065
Texto totalmente fictício, não quer dizer nada além do que está dito. ponto.

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